O Spurs em 2020/2021 – A offseason

Por Matheus Gonzaga, do Layups & Threes

Na terceira parte da análise da temporada 2020/2021 do San Antonio Spurs, é hora de fazer uma prévia da offseason da franquia. Antes, publicamos uma visão geral da equipe e a avaliação dos jogadores que fizeram parte da rotação do time.

DeMar DeRozan em ação pelo San Antonio Spurs contra o Memphis Grizzlies (Reprodução/nba.com/spurs)

O papel do Spurs na offseason é bem interessante e coloca um dilema para o futuro da equipe. A próxima agência livre será a hora de a franquia decidir se está ou não abraçando a reconstrução. Entretanto, antes ainda temos o draft.

O Spurs terá as escolhas 12 e 41 no recrutamento e está em uma situação simples: precisa de um futuro franchise player, qualquer que seja a posição. Por isso, deve simplesmente escolher o jogador disponível com maior potencial. Apesar de o fim da loteria não estar recheado de jogadores de altíssima projeção como o topo desse draft, ainda há nomes de alto teto, mas que apresentam risco grande de nem chegarem perto desse patamar. Para mim, esses são os nomes que a franquia deveria mirar. Conseguir um talento seguro de nível alto de rotação não mexe o ponteiro do alvinegro pensando no futuro – é necessário alguém que possa ser uma estrela. 

Ainda não estudei muito os prospectos, mas nesse sentido nomes como Alperen Sengun, Kai Jones, Jalen Johnson, Josh Giddey e Keon Johnson podem ser interessantes. Todos são crus, mas possuem características tipicamente associadas a um alto teto, e ao menos um deles deve estar disponível na escolha #12.

Na segunda rodada, talvez valha adereçar uma necessidade – a menos que o Spurs veja potencial em algum jogador que tenha caído no draft. Talvez buscar um ala alto defensivo ou um armador para disputar o cargo de reserva do futuro com Tre Jones possa funcionar.

Também faz sentido pensar em subir no draft caso alguma oportunidade apareça. O Golden State Warriors busca competir agora, e assim a escolha #7 pode estar disponível para um negócio envolvendo Derrick White, que faria sentido para os californianos. O Cleveland Cavaliers, por sua vez, pode estar louco para se livrar da bomba contratual de Kevin Love, o que talvez torne possível um negócio em que o Spurs envie sua escolha e um ou dois de seus melhores jovens, como Keldon Johnson e Devin Vassell, para receber o ala-pivô veterano e a escolha #3. Não acho nenhum desses cenários provável, mas creio que são possibilidades interessantes.

Há também possibilidades de trocas não associadas ao draft, ou abrindo mão de escolhas. Ben Simmons é provavelmente o principal nome – um talento grande, um jogador único que já teve momentos de altíssimo nível, sendo eleito para All-Star games, all-nba team e sendo o segundo colocado para defensor do ano. Ele está possivelmente disponível por um preço acessível. O point forward do Philadelphia 76ers encaixa na linha do tempo e pode se transformar em um jogador ainda melhor com uma mudança de ares. Sim, ele possui muitas falhas e fracassou sendo o segundo melhor jogador de um favorito ao título, mas ainda estamos muito longe desse ponto. Para mim, com exceção talvez de Keldon Johnson, todos jogadores do elenco deveriam estar na mesa se trazer Simmons for uma possibilidade. Entretanto, movimentos agressivos desse tipo não são típicos da franquia de San Antonio.

White é um jogador que deve ter seu valor de negociação e talvez faça sentido abrir mão dele, já que ele não é tão jovem e não deve evoluir tanto mais, principalmente por um pacote que envolva uma boa escolha de draft ou um bom jovem.

Indo para a agência livre, o dilema de DeMar DeRozan é o ponto mais importante. Como falei na seção sobre o mesmo, não acho que faça sentido mantê-lo, e também não acho que ficar faria sentido para o ala. Porém, a situação salarial das equipes faz com que isso não signifique que vamos perdê-lo de graça. Há apenas duas franquias com espaço salarial acima de 21M que imagino que possam ter algum interesse em um veterano criador desse calibre: New York Knicks e Dallas Mavericks. Elas representam maiores riscos de não recebermos nada com a saída do camisa #10, e eu imagino que especialmente o time de Nova York seja um destino provável.

Porém, caso não haja interesse mútuo com alguma dessas duas equipes, o cenário se torna interessante para o Spurs. Equipes como Chicago Bulls, Boston Celtics, Portland TrailBlazers, Los Angeles Lakers e Los Angeles Clippers podem ter algum nível de interesse em DeRozan por meio de uma sign and trade. Claro, não receberíamos grandes nomes, mas talvez consigamos uma escolha de draft ou um jovem de média projeção, além de jogadores por questões contratuais.

Rudy Gay é outro jogador que imagino que saia buscando um contender, e eu não faria questão alguma de mantê-lo, mas o caso de Patty Mills é mais complicado. O veterano tem uma identificação gigantesca com a franquia, é um líder do elenco e possui uma importância cultural inegável, além de ser sempre importante ter um jogador vitorioso no elenco. Eu manteria o australiano e o deixaria com um certo papel na rotação, apesar de não achar o ideal, se preciso para que ele fique. Até daria um overpay a ele, já que o alvinegro tem um cap space maior do que o necessário. Porém, é possível que ele deseje sair para buscar mais um anel antes de encerrar sua carreira. 

Quanto a Trey Lyles, Gorgui Dieng e Quinndary Weatherspoon, os outros agentes livres, não vejo sentido em mantê-los. Os dois primeiros simplesmente por pura falta de qualidade, e o terceiro por não fazer sentido na linha do tempo do time, sendo apenas um role player.

Pensando em adições para a nossa equipe, eu visaria um ou dois arremessadores de alto nível, um jogador alto da posição quatro e, um pivô e, em caso de saída de Mills, um armador jovem com pouca projeção que possa brigar pela posição na rotação com Tre Jones. É bem provável que alguma dessas necessidades seja adereçada no draft, mas vou mencionar alguns nomes que acho interessantes.

Duncan Robinson é o primeiro nome que vêm a mente. Não é um jovem, mas está indo apenas para sua terceira temporada e se provou um arremessador de altíssimo nível, seja em movimento ou no catch and shoot e mostrando eficiência também em bolas contestadas. O Spurs não precisa só de aproveitamento, mas também de alto volume e possibilidade de ter jogadas desenhadas para o chute de 3, e o ala oferece isso em altíssimo nível. Imagino que ele irá sair no mínimo por 18M por ano, mas acho um investimento válido (isso sem contar que ele tem os nomes Duncan e Robinson, sendo uma obrigação moral do mesmo jogar em San Antonio).

Lauri Markkanen é outro arremessador e um jogador que ajudaria no tamanho na posição 4. O finlandês foi uma certa decepção em Chicago, mas ainda assim é um chutador de 40% de três pontos em um volume muito alto para um big – 6 tentativas por jogo, uma das melhores marcas da liga. ELe tem apenas 24 anos e teve flashes de potencial mais alto. Seu relativo fracasso pode ter relação com os problemas que o Bulls tem em desenvolver jovens e com as conturbadas situações de técnicos da franquia passou nos últimos anos. Talvez o Spurs consiga levá-lo a outro patamar. Além disso, acho seu encaixe com Jakob Poeltl excelente – o europeu é um 4 que compensa de certo modo a falta de arremesso do austríaco, e o pivô cobreiria muito bem as deficiências defensivas do ala-pivô. Sua faixa salarial esperada é uma incógnita, especialmente por que ele free agent restrito (apesar que imagino que o Bulls não tem tanto interesse em mantê-lo), mas eu pagaria até 20M em uma aposta, considerando que o alvinegro tem um espaço salarial gigantesco.

John Collins talvez seria o nome dos sonhos: um 4 finalizador atlético, que arremessa de 3 (40%) ainda que em baixo volume (3 tentativas por jogo), teve flashes do drible e ainda tem 23 anos. Porém, o resto da liga também irá atrás dele, com várias das equipes com teto salarial podendo se interessar e trazer aspectos mais atraentes para o mesmo tanto dentro quanto fora de quadra. É um jogador difícil de conseguirmos.

Quanto ao mercado de pivôs, não tenho muitas ideias. Richaun Holmes é um ótimo nome, mas deve ser muito caro para a posição de reserva, e não é tão superior a Poeltl para que possa valer o investimento de titular. Zach Collins também é uma possibilidade e não deve sair caro devido às lesões. No mais, vejo poucos jogadores interessantes – o Spurs deve tentar pensar fora da caixa ou talvez tentar finalmente trazer Nikola Milutinov caso não drafte um jogador da 5.

Para fechar, para a posição de armador eu tentaria trazer um jogador barato que já foi visto com potencial, mas decepcionou. O primeiro nome que me vem à mente é Frank Ntilikina, que é ótimo defensor e deve ser barato.

No mais, caso o Spurs veja potencial de estrela em algum outro jogador, mesmo que não se encaixe em nenhuma dessas posições de necessidade, deveria investir. Suponhamos que a franquia veja Lonzo Ball como possível All-Star – nesse caso, eu iria agressivamente tentar assiná-lo.

Sobre Lucas Pastore

Um dos fundadores do Spurs Brasil. Formado em Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2010, é site manager da Fifa e podcaster do Cultura Pop. Cobriu o basquete olímpico na Olimpíada de 2016 pelo LANCE!. Trabalhou também para UOL, Basketeria e mob36.

Publicado em 17/07/2021, em Análises, Artigos. Adicione o link aos favoritos. 1 comentário.

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