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Hammon diz que foi bem recepcionada na volta de Pequim
Quando tomou a decisão de participar das olimpíadas de Pequim jogando por uma seleção que não a de seu país, a armadora Becky Hammon sofreu severas críticas; inclusive da treinadora dos Estados Unidos, Ann Donovan, e da lendária pivô Lisa Leslie, que atua no Los Angeles Sparks – rival da equipe de Hammon.
Passado um mês e com a medalha de bronze no peito, Hammon afirmou que foi muito bem recepcionada quando voltou ao seu país: “Apesar de tudo, a recepção foi ótima, com muitos aplausos (…) Só uma ou duas pessoas dizem coisas que são ignorantes ou obscenas. Isso é a livre América; você tem o direito de ter sua opinião e pode manifstá-la se quiser. Sendo assim, isso não me preocupa”.
Apesar de ter conquistado uma medalha, fato que geralmente é bastante comemorado por qualquer atleta em qualquer esporte, Hammon pareceu pouco animada com a conquista: “Para mim, o que vale mesmo é a experiência. A medalha irá juntar poeira como qualquer outra peça preciosa ou ferramenta; o que importa são as memórias que ficam”, afirmou a jogadora, que ainda reconheceu a superioridade adversária durante o torneio: “Acho que isso era o melhor que nosso time poderia conseguir (…) Nós precisaríamos de um grandioso milagre para conseguir o ouro”, finalizou a atleta.
Com Iziane seria diferente
O fã de basquetebol brasileiro tem a ciência de que o momento que o esporte atravessa em nosso país é, sem dúvidas, um dos piores de todos os tempos e o pior das últimas décadas; num passado próximo, o feminino salvava a administração da “Era Grego”. Depois de Pequim, porém, esse cenário mudou; as meninas juntaram-se aos homens na obscuridade do nosso basquete. Mas poderia ter sido diferente.
Deve estar fresquinho na sua memória o Mundial de Basquete Feminino, disputado no Brasil há pouco tempo atrás, em 2006; nossa equipe terminou a competição numa honrosa quarta colocação, sendo derrotada apenas pelas potências Austrália e EUA. Aquele grupo contava com duas estrelas, Janeth e Iziane, e com coadjuvantes que, em sua maioria, formaram o grupo que sequer figurou entre os 8 melhores de Pequim. Faltou uma referência entre as 12 jogadoras.
Não estou aqui fazendo lobby por Iziane; já critiquei nesse mesmo espaço a atitude da jogadora e continuo apoiando Bassul em sua decisão. Mas que a seleção brasileira hoje em dia está carente de uma jogadora diferenciada, que coloque a bola embaixo do braço nos momentos de aperto, é evidente, e ficou mais ainda após as derrotas frente as inexpressivas Coréia do Sul e Letônia, quando pecamos justamente da hora de definir o jogo.
Mas há males que vêm para o bem. No ano passado, o Palmeiras de Caio Júnior perdeu na última rodada do Campeonato Brasileiro para o Atlético Mineiro por 3×1, em casa, e acabou fora da Libertadores da América. Conseqüências? Troca de treinadores; Luxemburgo assumiu e levou a equipe ao título paulista. Quem sabe o fracasso do basquete feminino não sirva para, ao menos, ameaçar o cargo de Grego, o que traria novos ares para o esporte em nosso país.
Hammon indecisa sobre seu futuro na Rússia
Após a derrota na semifinal dos Jogos Olímpicos, a armadora do San Antonio Silver Stars, Becky Hammon, ainda não sabe se continuará junto com o selecionado russo para os próximos torneios. Ela afirmou após a vitória contra a China, em jogo que valeu a medalha de bronze, que seu futuro na equipe é incerto.
“Ainda não sei; não pensei muito sobre isso para falar a verdade. Mas minha permanência ainda está em aberto”, disse a armadora, que obteve médias de 13 pontos e quase dois rebotes por partida nos jogos.
Hammon conseguiu se naturalizar para disputar as Olimpíadas graças ao seu passaporte russo, já que ela também joga pelo CSKA Moscow. A decisão de disputar um campeonato por outro país gerou muita polêmica e rendeu muitas críticas à armadora; críticas inclusive de Anne Donovan, atual treinadora do time americano, que chegou a dizer: “Se você nasceu, cresceu, mora e joga nos Estados Unidos, mas veste um uniforme russo, na minha opinião, você não é patriota”.
Estima-se que o salário de Hammon na WNBA seja de 95 mil dólares por ano; na europa, a jogadora chega a ganhar seis ou sete vezes mais. Para disputar as olimpíadas pela Rússia, ela recebeu um convite tentador, que foi aceito de última hora, após ela saber que não seria convocada para o USA Team. Relacionado a isso, a atleta rebateu às críticas e disparou uma frase surpreendente: “Não há nada mais americano do que tirar proveito de uma oportunidade”.
Ainda falando sobre seu futuro atuando pelo país, a jogadora disse que valeu a pena disputar os jogos pelo esforço da equipe, e que ela adorou a oportunidade. O técnico russo, Igor Grudin, afirmou que gostaria de continuar contando com os serviços da armadora.
Final Olímpica – ‘They are Back!’: EUA é ouro!
Redenção. Não há palavra melhor para exprimir o sentimento presente no semblante de cada jogador que compôs a seleção dos Estados Unidos de basquete masculino. Desde o maior astro, como LeBron James, até o menos cobiçado, como Tayshaun Prince. O prazer do dever cumprido estava estampado nos aliviados sorrisos estadunidenses. Uma vitória para ninguém colocar defeito, uma final digna da grandeza que os anéis olímpicos trazem consigo. O ouro, tão sonhado por qualquer atleta, volta a estufar os peitos da sempre badalada seleção dos Estados Unidos. Diga o que quiser: que eles são arrogantes, que se sentem superiores. Diga o que quiser. Os Team USA voltou a figurar no lugar mais alto do pódio – lugar este que por um hiato de quatro anos deixou de ser deles. E nada melhor do que voltar a serem os maiores em cima daqueles que há pouco ganharam nada menos do que o mundo.
O embate olímpico pelo ouro começou antes da bola subir. Não foi um jogo qualquer, desses que estamos acostumados a ver. Estados Unidos e Espanha lutavam, como há muito não se via, pela hegemonia do basquete mundial. De um lado, os sempre temidos estadunidenses, e, do outro, a potência em ascensão no atual cenário do basquete mundial. O equilíbrio esteve presente desde os primeiros segundos de jogo. A Espanha, massacrada pelos mesmos EUA na primeira fase, não se intimidou e buscou o jogo a todo o momento. Servidos pelo jovem Ricky Rubio – revelação desses Jogos, em minha humilde opinião – os europeus seguiram bem no início do jogo, mas cometeram alguns erros bobos e deixaram os americanos passarem à frente.
O jogo seguiu equilibrado, com Dwyane Wade liderando os estadunidenses em suas ações ofensivas e os irmãos Marc e Pau Gasol liderando os espanhóis em suas ações dentro e fora do garrafão. Rudy Fernandez, pelos espanhóis, também abrilhantava a decisão e colocava cada vez mais emoção no duelo. Final de primeiro tempo e o placar era favorável para a equipe da América do Norte: 69×61, sinal do equilíbrio com pontuação elevada para jogos da FIBA.
O segundo tempo manteve o nível do primeiro, mas os EUA cada vez mais colocavam bolas de três pontos, 13 ao total, em uma facilidade que deve mudar com o aumento da distancia entre a linha dos três e a cesta nos próximos anos em competições FIBA. Pelo lado espanhol, os heróis da resistência no momento eram Rudy Fernandez e Juan Carlos Navarro, que mantiveram sua nação no jogo, conseguindo manter o placar sempre próximo. Mas uma equipe que conta com Wade, James, Bryant e cia. se mantém sempre em pleno estado. Resultado: o ouro volta aos Estados Unidos oito anos após a última conquista. Um exemplo para quem busca fontes de inspiração: eles conseguiram porque tiveram vontade.
Estados Unidos 118, Espanha 107. O ouro é deles, eles estão de volta.
Destaques da Partida
Estados Unidos
Dwyane Wade – 27 pontos e 9-12 nos arremessos de quadra
LeBron James – 14 pontos e 6 rebotes
Kobe Bryant – 20 pontos e 6 rebotes
Chris Paul – 13 pontos e 5 assistências
Espanha
Pau Gasol – 21 pontos e 50% nos arremessos de quadra
Marc Gasol – 11 pontos
Rudy Fernandez – 22 pontos
Juan Carlos Navarro – 18 pontos e 4 assistências
Disputa do 3º lugar – Argentina obtém mais uma medalha
Mesmo sem Manu, Argentina leva o bronze
Argentina e Lituânia entraram em quadra para disputar o terceiro lugar do torneio de basquete dos jogos olímpicos. Os argentinos garantiram sua segunda medalha consecutiva em olimpíadas após bater seus adversários por 87 a 75. Vale lembrar que o grande astro da equipe, o ala Manu Ginobili, ficou de fora mais uma vez devido a uma lesão sofrida na semifinal contra os Estados Unidos. A disputa do bronze começou de acordo com o previsto; jogo bastante movimentado e tomado pelo equilíbrio. Contudo, a partir do segundo período, os argentinos passaram a dominar a partida, e conseguiram assim ir para o descanso vencendo por 12 pontos de vantagem.
Quando voltaram do intervalo, o selecionado lituano continuou irreconhecível e foi dominado mais uma vez pela Argentina, que teve como cestinha e principal jogador o ala Carlos Delfino; ele fechou a partida com 20 pontos e dez rebotes.
Como em um último suspiro, a Lituânia resolveu correr atrás do prejuízo no período final. Todavia, a vitória no quarto por sete pontos de vantagem não foi suficiente para esboçar uma reação. No final, bronze merecido para os argentinos, que, querendo ou não, acabaram se vingando da derrota no primeiro jogo da competição para os próprios lituanos.
Em entrevista após a conquista, o ala-pivô Luis Scola comentou sobre a ausência de Ginobili e elogiou seus companheiros: “Com Manu fora, nós sabiamos que iriamos precisar de algo mais”, ” Falei com Paolo (Quinteros) na noite de ontem e o perguntei se ela estava pronto para o jogo. Aí ele disse ‘Eu sempre estou pronto’ (…) Muitas pessoas não conhecem o Léo (Gutierrez), mas ele vem tendo muito sucesso no nosso país, conquistando títulos e MVP’s, ele tem sido nosso melhor jogador lá”, completou um entusiasmado Scola.
O técnico da Argentina, Sérgio Hernandez, também falou após o embate: “Viemos para esse torneio para defender nosso título (…) Sabiamos que tinhamos que defender nossa medalha a cada jogo com nossas vidas, mas ao mesmo tempo, sabiamos que os melhores times eram os EUA e a Espanha (…) Não estamos decepcionados com a medalha de bronze, muito pelo contrário, estamos orgulhosos pelo que fizemos”, finalizou o treinador. Para fechar o ciclo de entrevistas, foi a vez de Andrés Nocioni falar: “Foi fantástico o que fizemos (…) Mostramos porque nós somos a Argentina, o coração e a identidade desse time. Fizemos um grande trabalho e ninguém pode nos tirar essa medalha (…) Agora, nós temos um mês para descansar antes que comece a NBA. Vamos então aproveitar o momento e celebrar o que fizemos aqui”, completou um também animado Nocioni.
O técnico lituano, Ramunas Butautas, parabenizou os argentinos pela conquista: “Parabéns à Argentina, eles jogaram muito bem (…) Os jogadores argentinos estavam muito fortes, rápidos e jogaram bem demais, especialmente na defesa”. Butautas lamentou alguns problemas de contusão sofridos pela equipe e falou sobre o sonho de conseguir uma medalha: “Tivemos muitos problemas relacionados à equipe (…) Sonhamos com uma medalha olímpica, mas perdemos esta chance. Talvez tentemos novamente nos próximos jogos”, finalizou o treinador lituano, que deve continuar no cargo após a boa campanha no torneio.
A seleção argentina masculina de basquetebol, que veio a Pequim defender o título olímpico, venceu a Lituânia por 87 x 75 nessa madrugada e conquistou a medalha de bronze, mesmo jogando sem seu principal astro; o ala-armador do San Antonio Spurs Manu Ginobili desfalcou sua equipe, pois se lesionou na semifinal disputada contra os EUA.
O primero quarto teve Scola como grande protagonista; anotando nada menos do que 10 pontos, o ala-pivô liderou sua equipe na vitória parcial por 24 x 21. No segundo quarto, a precisão argentina nos arremessos de 3 pontos ampliou a vantagem para 12 pontos; acertando 8-14 da linha dos três contra apenas 3-11 dos adversários, nossos hermanos foram para o vestiário com 46 x 34 a favor.
No terceiro período, a Argentina mostrava um jogo bastante coletivo, distribuindo 17 assistências, quase três vezes mais do que os adversários até então, enquanto que a Lituânia não acertava a mão nem de fora do perímetro nem da linha dos lances livres. Resultado; Argentina amplia sua vantagem. No último período, a Lituânia até tentou uma reação, mas os argentinos souberam administrar sua vantagem para saírem de Pequim com a terceira colocação.
Destaques da partida
Argentina
Carlos Delfino – 20 pontos, 10 rebotes
Luis Scola – 16 pontos
Lituânia
Ramunas Siskauskas – 15 pontos
Rimantas Kaukenas – 14 pontos
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